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No município de Jati no Ceará, região do Cariri, cerca de 170 famílias da Associação dos Agricultores do Assentamento Baixa Grande, já estão sendo beneficiadas pelo projeto de Implementação de Manejo Florestal Familiar e Comunitário na Mesorregião do Araripe.Em dezembro do ano passado, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE), aprovou o primeiro plano de manejo do projeto no Cariri. O que significa que a partir de agora, agricultores beneficiados pelo projeto poderão explorar e comercializar a madeira de forma legalizada e sustentável. A atividade de manejo é, neste momento, a única fonte de renda para as famílias do Assentamento Baixa Grande, pois a estiagem prolongada afetou a produtividade agrícola e animal, relata o técnico agrícola da APNE, Dejonas Nogueira que dá assistência técnica ao assentamento.Com o manejo florestal, há para os assentados, uma alternativa garantida de renda e trabalho a longo prazo, independente da ocorrência de inverno. A prática pode ser realizada durante todo o ano, integrada às demais atividades produtivas da propriedade rural, como agricultura e a criação de animais, por meio do uso racional dos 

Cariri tem primeiro Plano de Manejo aprovado

por Carolina Barros em 20.01.2014

recursos madeireiros (lenha, estaca, mourões e varas) e não madeireiros (sementes, óleos, cascas, mel e resinas) . Neste sistema a exploração madeireira é escalonada em ciclos anuais, nos quais a vegetação é utilizada parcial e proporcionalmente, de modo a mantê-la em contínua recuperação. Dessa forma, o manejo de árvores nativas torna-se fundamental para a conservação do bioma Caatinga.

 

O foco da iniciativa é o desenvolvimento da sustentabilidade a nível ambiental, econômico e social. Uma das estratégias é destinar a lenha das áreas dos assentamentos às indústrias de cerâmica, gesso e alimentícias nas áreas mais próximas dos pontos de exploração, ampliando as oportunidades de venda e favorecendo o fortalecimento econômico local. Em Jati, esta será a próxima etapa. Uma pesquisa irá analisar os preços e as oportunidades do mercado de lenha legalizada nas indústrias de cerâmicas da região do Cariri cearense. Crato, Barbalha, Milagres, Missão velha e Jardim fazem parte da área onde o Plano de Negócio orientará a comercialização. A atividade de manejo representa uma das alternativas para se combater o desmatamento, o transporte e comércio ilegal da madeira bem como propõe reduzir o aumento das áreas de devastação ocasionadas pela exploração desordenada, impedindo o avanço dos processos de desertificação e erosão.

 

Iniciado há dois anos, o projeto pretende implementar o manejo de 10.000 hectares da Caatinga, nos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, abrangendo as regiões do Vale dos Guaribas, Sertão do Araripe e Cariri. Destes, 2.500 hectares foram liberados pela SEMACE para exploração no Assentamento Baixa Grande em Jati, um total de 25% da meta. No local, já foram realizadas as visitas de reconhecimento, o (DRP) Diagnóstico Rural Participativo, o mapeamento da área a ser explorada , a cubagem (cálculo do volume) da lenha, a abertura dos talhões ( áreas exploradas anualmente) e a vistoria da SEMACE, procedimentos necessários para a regulamentação da atividade de manejo. Estima-se que 20 famílias sejam beneficiadas por assentamento. Ao todo 95 municípios estão contemplados nos três estados nordestinos, 25 cidades, somente no Ceará. No momento outros três assentamentos aguardam a aprovação dos planos de manejo pelos órgãos ambientais.

 

O Projeto de Implementação de Manejo Florestal Comunitário e Familiar na Mesorregião do Araripe é uma iniciativa da Associação Plantas do Nordeste (APNE) em parceria com o Centro de Apoio e Habilitação ao Pequeno Agricultor do Araripe (Chapada) e o Centro de Educação Comunitária Rural (Cecor). As ações contemplam as duas modalidades de reforma agrária, promovendo o manejo em assentamentos do INCRA e nas propriedades coletivas do Crédito Fundiário, com apoio do Ministério do Meio Ambiente e da Caixa Econômica Federal, através do Fundo Socioambiental.

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